Tribunal do Reino Unido bloqueia ação contra BHP sobre estouro de barragem no Brasil
O rompimento da barragem da Samarco matou 19 pessoas, varreu várias cidades e poluiu rios. (Imagem de Romerito Pontes | Flickr Commons.)
O Supremo Tribunal de Manchester, no noroeste da Inglaterra, bloqueou na segunda-feira um processo de £ 5 bilhões (US $ 6,6 bilhões) contra a BHP devido ao colapso de uma barragem devastadora em uma mina de minério de ferro no Brasil em 2015, que matou 19 pessoas e se tornou o pior desastre ambiental no história do país.
A ação, movida no ano passado por 235.000 brasileiros e grupos incluindo tribos indígenas e a Igreja Católica, reivindica que a mineradora foi “lamentavelmente negligente” no período que antecedeu o rompimento da barragem da Samarco.
Os contestantes buscavam indenização por danos físicos e psicológicos, danos materiais, despesas de mudança, perda de rendimentos, perda de abastecimento de água e perda de receita de pesca.
O processo do que é a maior reclamação de grupo na história jurídica inglesa foi interrompido em abril de 2020 devido a restrições de viagens relacionadas ao coronavírus.
Quando foram retomadas em julho, as partes apresentaram argumentos para decidir se o caso poderia ser levado ao tribunal inglês.
A BHP disse na época que a ação do grupo era “inútil” e “desperdiçadora”, pois disse que “duplicou” os procedimentos brasileiros. Também observou que as vítimas já estavam recebendo indenizações por meio da Fundação Renova, um esquema de reparação criado em 2016 por sua divisão brasileira, Samarco e Vale.
A gigante da mineração disse que já gastou mais de £ 1,3 bilhão em ajuda financeira mensal para cerca de 130 famílias e projetos indígenas Krenak, incluindo a reconstrução de três aldeias e o estabelecimento de sistemas alternativos de abastecimento de água.
Também alegou que quase 100.000 dos contestantes haviam recebido pagamentos da Renova e apenas 58 daqueles que intentaram a ação na Inglaterra não faziam parte de ações coletivas rivais no Brasil.
A decisão, que qualificou o processo como um "abuso do processo do tribunal", vem cerca de 18 meses depois que a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que cerca de 2.000 moradores da Zâmbia poderiam processar a Vedanta da Índia na Inglaterra por suposta poluição em o país africano.
Os promotores federais e estaduais brasileiros pediram a um tribunal em outubro que reabrisse outra ação civil multibilionária contra a BHP e a Vale por danos causados pelo incidente nas instalações de sua joint venture Samarco em Mariana.
Essa reclamação é por danos de 155 bilhões de reais.
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