Especialistas pedem plano para proteger a vida em alto mar da mineração

A mineração do fundo do mar abre uma vasta fonte de metais essenciais necessários à energia limpa, mas não deve começar até que uma avaliação completa dos prováveis impactos ambientais possa ser feita, mostra um relatório encomendado pelo Painel de Alto Nível para uma Economia Oceânica Sustentável (Painel Oceânico).
O grupo de acadêmicos e ambientalistas acredita que é necessária uma abordagem preventiva à mineração em alto mar. Caso contrário, eles alertam para possíveis danos irreversíveis aos ecossistemas aquáticos globais.
Em seu estudo, publicado na quarta-feira (01/07), os especialistas observam que cobre, terras raras e minério de ferro foram os recursos que despertaram o interesse original dos mineradores em explorar o fundo do mar.
Nos últimos dois anos, os minerais necessários para uma transição de energia verde como cobalto e níquel, com a demanda excedendo as atuais taxas de produção até 2030, estão impulsionando o crescente interesse pela atividade.
Houve algumas tentativas de regular a indústria emergente. Há dois anos, o Parlamento Europeu pediu a proibição da mineração no fundo do mar até que sejam compreendidos os impactos e riscos ambientais de perturbar ecossistemas do fundo do mar.
Na resolução, também instou a Comissão Europeia a persuadir os Estados membros a parar de patrocinar e subsidiar licenças para explorar e explorar o fundo do mar em águas internacionais e também em seus próprios territórios.
Logo depois, uma equipe internacional de pesquisadores publicou um conjunto de critérios para ajudar a Autoridade Internacional do Fundo Marinho (ISA), um órgão da ONU composto por 168 países, a proteger a biodiversidade das atividades de mineração em alto mar.
A ISA estava programada para discutir a regulamentação que poderia permitir a mineração no fundo do mar em julho. A assembleia anual, no entanto, está atrasada até outubro por causa da pandemia do covid-19.
Nódulos no fundo do mar
De acordo com o US Geological Survey, o mar profundo é responsável por mais da metade da superfície do mundo, e suas riquezas minerais são várias vezes maiores do que as encontradas em todas as reservas de terra combinadas.
O principal objetivo das empresas que planejam minerar debaixo d'água são os nódulos polimetálicos. Essas pequenas rochas, que se encontram em uma camada superficial de lama no fundo do mar, são ricas em cobalto, níquel, cobre, manganês e terras raras.
Cientistas e exploradores também identificaram crostas ricas em cobalto, localizadas mais rasas que nódulos e sulfatos.
Fazendo eco a dezenas de instituições acadêmicas e organizações sem fins lucrativos, os autores do relatório de quarta-feira pedem mais pesquisas para preencher lacunas no conhecimento antes que qualquer mineração no fundo do mar seja permitida. Eles também defendem a necessidade de definir zonas protegidas em todas as regiões oceânicas sob a jurisdição da ISA.
O relatório também recomenda que os países incentivem a reciclagem de metais das baterias para reduzir a necessidade de encontrar novos suprimentos.
O Painel do Oceano reúne chefes de estado de 14 países, incluindo Austrália, Canadá, Chile, Quênia, Japão e Noruega.